Introdução
O bombardeiro B-2, conhecido como bombardeiro invisível, foi no mínimo um ambicioso projeto. Nos anos 70, o exército norte-americano tinha a intenção de substituir o ultrapassado bombardeiro B-52. Eles precisavam de um avião que pudesse carregar bombas nucleares até a União Soviética em poucas horas e que fosse praticamente invisível aos sensores inimigos.Como você pode imaginar, esconder um avião gigantesco não é uma tarefa fácil. A Northrop Grumman, a empresa que ganhou o contrato do bombardeiro, gastou bilhões de dólares e aproximadamente 10 anos desenvolvendo o projeto secreto. O produto final é uma máquina revolucionária, uma asa voadora de 52 metros de envergadura que se parece com um inseto aos leitores de radar. O aparelho é revolucionário também do ponto de vista da aeronáutica: ele não possui nenhum dos sistemas de estabilidade padrão que se encontra em um avião convencional, mas os pilotos dizem que ele voa tão bem quanto um caça a jato.
Neste artigo, descobriremos como o B-2 voa, como "desaparece" e também aprenderemos um pouco sobre sua história.
Uma asa voadora
Um avião convencional possui uma fuselagem (a estrutura principal), duas asas e três estabilizadores traseiros anexos à cauda. As asas geram a sustentação, suspendendo a fuselagem no ar. O piloto controla a direção do avião ajustando os componentes móveis das asas e os estabilizadores. O ajuste desses componentes altera a maneira como o ar flui pelo avião, fazendo o avião subir, descer ou virar. Os estabilizadores mantêm também o avião nivelado (veja Como funcionam os aviões para descobrir como esses componentes trabalham em conjunto). O bombardeiro B-2 possui um design completamente diferente - trata-se de uma grande asa, parecido com um bumerangue.Imagem cedida pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos |
A maior eficiência ajuda o B-2 a percorrer distâncias mais longas em um curto período de tempo, mas ele não é o veículo mais rápido que existe. Militares dizem que ele é subsônico, o que significa que sua velocidade máxima está pouco abaixo da velocidade do som (cerca de 341 m/s ou 1.227 km/h), mas pode percorrer 11 mil km sem reabastecer e 18.500 km com um reabastecimento em voo. Ele pode chegar a qualquer ponto da Terra em pouco tempo.
Imagem cedida pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos
Uma aeronave de extensão KC-10A da força aérea americana
reabastece um bombardeiro B-2 em pleno vôo
Conduzindo o bombardeiro
O B-2 possui quatro motores a jato General Electric F-118-GE-100, cada um gerando 17.300 libras (7.850 kg) de empuxo. Assim como em um avião normal, o piloto conduz o B-2 movendo diversas partes das asas. Como você pode observar no diagrama abaixo, o B-2 possui elevons e lemes ao longo do bordo de fuga do avião. Exatamente como os elevadores e os ailerõens em um avião convencional, os elevons alteram a tangagem (movimento para cima e para baixo) e o rolamento (rotação ao longo do eixo longitudinal) do avião. Os elevons e os lemes de direção controlam também a guinada (rotação ao longo do eixo vertical) do avião.Imagem cedida pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos |
Asas voadoras já existem há um bom tempo, mas sofriam de problemas críticos de estabilidade. Sem os estabilizadores traseiros o avião tende a girar inesperadamente em volta do eixo de guinada. Os militares americanos não encomendaram os primeiros projetos de asas voadoras da Northrop Grumman dos anos 40 devido a essas preocupações.
Nos anos 80, avanços na informática tornaram a asa voadora uma opção mais viável. A Northrop Grumman construiu o B-2 com um sofisticado sistema de controle fly-by-wire. Em vez de acionar os flapes por meios mecânicos, o piloto passa os comandos para um computador que realiza o acionamento. Em outras palavras, o piloto controla o computador que por sua vez controla o sistema de direção.
Passe seu cursor sobre o texto para localizar os principais componentes do aviãoImagem cedida pelo U.S. Department of Defense
O computador realiza também uma série de trabalhos independente do comando do piloto. Ele monitora constantemente os sensores giroscópicos para observar a atitude do avião, sua posição relativa ao fluxo de ar. Se o avião começar a virar inesperadamente, o computador automaticamente move os lemes de direção para agir contra a força que vira o avião. As correções são tão precisas que o piloto normalmente não sente nenhuma alteração. O B-2 também possui um pequeno flap cuneiforme no bordo de fuga, chamado de gust load alleviation system (GLAS), para agir contra as forças de turbulência de ar.
A ideia original do B-2 é de que ele não necessitaria de nenhum avião suporte. Devido à sua capacidade de se "esconder" do radar, ele deveria ser capaz de penetrar no espaço aéreo inimigo sem suporte de fogo, fazendo o trabalho de dezenas de aviões. Na prática, o B-2 normalmente voa com alguma proteção de caças. O risco de perder uma aeronave tão cara é muito grande para enviá-la sozinha a uma zona de batalha.
Fora de visão
O principal objetivo da Northrop Grumman para o B-2 era a camuflagem invisível (stealth, em inglês) ou baixa observabilidade. De uma maneira geral, "stealth" é a capacidade de voar pelo espaço aéreo inimigo sem ser detectado. Uma aeronave com essa característica deve ser capaz de alcançar e destruir alvos desejados sem jamais encontrar o inimigo no combate.Imagem cedida pelo U.S. Department of Defense O B-2 é um avião gigantesco, mas sua avançada capacidade de camuflagem invisível fazem-no parecer menor que um pardal no radar |
O formato plano e estreito do B-2 e a sua coloração preta auxiliam-no a desaparecer na noite. Mesmo durante o dia, quando o B-2 se destaca em contraste com o céu azul, pode ser difícil saber em que direção o avião está indo. O B-2 emite um escapamento mínimo, de forma que não deixa uma trilha visível para trás.
Assim como acontece com a maioria dos aviões, o componente mais barulhento do B-2 é o motor. Porém, diferente de um jato comercial ou do B-52, os motores do B-2 são instalados dentro do avião. Isso ajuda a abafar o barulho. O desenho aerodinâmico eficiente também ajuda a manter o B-2 silencioso, pois seus motores podem operar em configurações de baixa potência.
Imagem cedida pelo U.S. Department of Defense |
Defesas contra detecção
O B-2 possui duas defesas principais contra a detecção de radares. A primeira é a superfície de absorção de radar do avião. As ondas de rádio utilizadas no radar são energia eletromagnética, exatamente com as ondas de luz. Da mesma forma que alguns materiais absorvem a luz muito bem (tinta preta, por exemplo), outros são particularmente bons para absorver ondas de rádio. A estrutura do B-2 é composta principalmente de material compósito, a composição de diversas substâncias leves. O material compósito utilizado no bombardeiro B-2 é projetado especificamente para absorver a energia do rádio com eficiência otimizada. Partes do B-2, como o bordo de ataque, também são revestidas em avançadas tinta e fitas para a absorção de rádio. Esses materiais são muito caros e a Força Aérea tem de reaplicá-los com frequência. Após cada voo, as equipes de reparos precisam passar horas examinando o B-2 para ter certeza de que está em condições ideais para outras missões.Componentes metálicos altamente refletivos, como os motores do avião, são todos instalados dentro da estrutura do compósito. O ar chega até os motores por dutos de admissão e através de um duto em forma de "S". As bombas também são alojadas dentro do avião e o trem de pouso recolhe-se completamente após a decolagem.
Imagem cedida pelo U.S. Department of Defense O trem de pouso de um B-2 |
O formato peculiar do bombardeiro invisível desvia os feixes de rádio nas duas direções. As grandes áreas planas em cima e embaixo do avião funcionam exatamente como espelhos inclinados. Essas áreas desviam a maior parte dos feixes de rádio em direção oposta à da estação, presumindo-se que a estação não esteja exatamente abaixo do avião.
O avião também funciona como um espelho curvado, particularmente na seção frontal. Ele não possui extremidades afiadas, em ângulo, toda a superfície é curvada para desviar as ondas de rádio. As curvas são projetadas para rebater quase todas as ondas de rádio em um ângulo diferente.
O B-2 é projetado para conter seus próprios sinais rádios, a energia eletromagnética gerada pelos eletrônicos a bordo. O avião emite energia de rádio quando utiliza seu radar ou quando se comunica com forças em solo ou outras aeronaves, mas o sinal é pequeno e altamente direcionado, tornando-o menos suscetível à detecção.
Armas
Originalmente, a principal função do B-2 era carregar bombas nucleares para dentro da União Soviética em caso de guerra. Com a queda da União Soviética em 1991, os militares redefiniram o papel do B-2. Ele é classificado agora como um bombardeiro multifuncional, projetado para carregar bombas convencionais além das munições nucleares.Imagem cedida pela U.S. Air Force |
Os lançadores carregam bombas gravitacionais convencionais, bombas "burras" que simplesmente caem no seu alvo, assim como bombas de precisão teleguiadas que procuram o alvo. O avião pode carregar cerca de 18 mil quilogramas de munição.
Imagem cedida pelo U.S. Department of Defense Um especialista em munição orientando a montagem do lançador giratório de um B-2 (carregando bombas nucleares) |
Fonte:uol
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