por Kevin Bonsor - traduzido por HowStuffWorks Brasil
Introdução
O capitão da força aérea americana Scott O'Grady estava ajudando a policiar uma área de vôo proibido sobre o nordeste da Bósnia em 2 de junho de 1995, quando um míssil terra-ar (SAM) atingiu seu F-16. Com o avião se desintegrando ao seu redor, O'Grady alcançou a alavanca de seu assento ejetável que estava entre suas pernas e a puxou. Após um estouro alto causado pela separação do canopi (a bolha sobre a cabine), O'Grady foi disparado no ar junto com seu assento. Logo depois, seu pára-quedas abriu e, assim como 90% dos pilotos que são forçados a ejetar de seus aviões, ele sobreviveu. Após seis dias fugindo da captura e comendo insetos para sobreviver, O'Grady foi resgatado. 
Foto cedida Força Aérea Norte-Americana
Ejetar de uma aeronave é algo raro, mas os pilotos não têm outra opção a não ser puxar a alavanca de ejeção para salvar suas vidas
A ejeção de uma aeronave em movimento a velocidades maiores do que a velocidade do som (mach 1: 1.207 km/h) pode ser muito perigosa. A força de uma ejeção a essa velocidade pode atingir mais de 20 G (um G é a força da gravidade da Terra.). A 20 G, o piloto sente uma força igual a 20 vezes o peso de seu próprio corpo, que pode causar ferimentos graves e até morte. Foto cedida Força Aérea Norte-Americana
Ejetar de uma aeronave é algo raro, mas os pilotos não têm outra opção a não ser puxar a alavanca de ejeção para salvar suas vidas
A maioria dos aviões militares, aviões de pesquisa da NASA (em inglês) e alguns aviões comerciais menores são equipados com assentos ejetáveis que permitem que os pilotos escapem em uma situação de emergência. Neste artigo, você irá aprender sobre as partes que fazem um assento ejetável funcionar, como o assento tira o piloto do avião e a física envolvida na ejeção
Sente-se
Para muitos tipos de aeronave é importante ter um assento ejetável caso o avião seja danificado em batalha ou durante testes e o piloto tenha que escapar para salvar sua vida. Os assentos ejetáveis são um dos mais complexos equipamentos de qualquer avião, e alguns consistem em milhares de peças. O propósito desse assento é simples: lançar o piloto para fora do avião a uma distância segura, abrir o pára-quedas e permitir que o piloto pouse no chão são e salvo.Foto cedida Departamento de Defesa dos Estados Unidos Um assento ejetável sendo retirado de um F-15C Eagle |
Os assentos ejetáveis são posicionados na cabine e normalmente se ligam a trilhos através de um conjunto de cilindros nas margens do assento. Durante uma ejeção, esses trilhos orientam o assento para fora da aeronave a um ângulo de subida pré-determinado. Assim como qualquer banco, a anatomia básica do ejetável consiste no assento, encosto e apoio de cabeça. Todo o resto é construído ao redor desses componentes principais. Aqui estão os dispositivos essenciais de um assento de ejeção.
- catapulta
- foguete
- contenções
- pára-quedas
Os assentos ejetáveis são apenas uma parte de um sistema maior chamado de sistema de egresso assistido. Egresso significa saída, ou retirada. Uma outra parte do sistema de fuga geral é o canopi do avião, que tem de ser liberado antes do assento ejetável ser lançado da aeronave. Nem todos os aviões têm essa bolha sobre a cabine. Os que não têm canopi possuem escotilhas de fuga construídas na parte superior do avião. Essas escotilhas explodem um pouco antes do assento ejetável ser ativado, dando ao tripulante uma porta de fuga.
Foto cedida Departamento de Defesa dos Estados Unidos Um piloto se prepara para puxar a proteção de rosto que irá lançar o assento ejetável para fora do avião de testes |
- banco: parte inferior do assento ejetável que contém o equipamento de sobrevivência;
- canopi: a bolha transparente que cobre as cabines de alguns aviões; costuma ser vista em jatos militares;
- catapulta: a maior parte das ejeções é iniciada com esta unidade balística;
- pára-quedas de desaceleração: este pequeno pára-quedas é liberado antes do pára-quedas principal e é projetado para diminuir a velocidade do assento ejetável após sair da aeronave. Um pára-quedas de desaceleração em um assento ejetável ACES II tem 1,5 m de diâmetro. Alguns têm menos de 60 cm de diâmetro;
- sistema de fuga: refere-se a todo o sistema ejetável, incluindo o assento de ejeção, o canopi que é liberado e o equipamento de apoio de emergência;
- sensor ambiental: dispositivo eletrônico que rastreia a velocidade e altitude do assento;
- proteção de rosto: presa à parte superior de alguns assentos, o piloto puxa esta cortina para proteger o rosto dos fragmentos. Esta proteção também segura a cabeça do piloto durante a ejeção;
- seqüenciador de recuperação: o dispositivo eletrônico que controla a seqüência de eventos durante a ejeção;
- catapulta foguete: combinação da catapulta balística e da unidade do foguete de assento;
- foguete de assento: alguns assentos têm um foguete preso à sua parte inferior para fornecer impulso adicional após a catapulta içar o tripulante para fora da cabine;
- foguete vernier: ligado a um giroscópio, esse foguete é montado na base do assento e controla sua inclinação;
- ejeção zero-zero: ejeção feita no solo quando a aeronave está a altitude zero e velocidade zero.
Caindo fora
Quando um tripulante levanta a alavanca ou puxa a proteção de rosto do assento ejetável, começa uma série de eventos que impulsionam a abóbada para fora do avião e expele o tripulante. Ser ejetado de um avião não demora mais do que quatro segundos contados a partir do momento em que a alavanca é puxada. A quantidade exata de tempo depende do modelo do assento e do peso do tripulante.Foto cedida Goodrich Corporation Este assento ejetável ACES II possui uma alavanca central usada para ativar a seqüência de ejeção |
Antes do sistema de ejeção ser lançado, a abóbada tem de ser expelida para permitir que o tripulante escape da cabine. Há pelo menos três maneiras da abóbada ou da parte superior do avião ser expelida:
- elevação do canopi - parafusos cheios de carga explosiva são detonados, soltando o canopi. Pequenos foguetes propulsores ligados à parte frontal da bolha empurram-na para fora do caminho do piloto que vai ser ejetado, de acordo com Martin Herker, antigo professor de física que escreveu sobre assentos ejetáveis e tem uma página na Internet que descreve assentos de ejeção; (clique aqui - em inglês - para ir à página dele.
- fragmentar o canopi - para evitar a possibilidade de um tripulante se chocar com a bolha durante a ejeção, alguns sistemas de fuga são projetados para destruir o canopi com um explosivo. Isso é feito instalando um fio de detonação ou uma carga explosiva ao redor ou através do canopi. Quando ele explode, os fragmentos da bolha são retirados do caminho do tripulante pelo vácuo;
- escotilhas explosivas - aviões sem abóbada devem ter uma escotilha explosiva. Parafusos explosivos são usados para explodir a escotilha durante a ejeção.
Foto cedida NASA O pára-quedas se abrindo em um assento ejetável Martin-Baker durante um teste. O pequeno pára-quedas do topo é chamado de pára-quedas de desaceleração. |
Modos de ejeção
No assento ejetável ACES II produzido pela Goodrich Corporation, há três modos de ejeção possíveis. Qual será usado é determinado pela altitude e velocidade no momento da ejeção. Esses dois parâmetros são medidos pelo sensor ambiental e seqüenciador de recuperação na parte traseira do assento de ejeção.
O sensor ambiental detecta a velocidade e altitude do assento e envia os dados para o seqüenciador de recuperação. Quando a seqüência de ejeção tem início, o assento passa pelos trilhos direcionais e expõe tubos de pitot. Esses tubos, que receberam esse nome devido ao físico Henri Pitot, são projetados para medir as diferenças de pressão do ar e determinar sua velocidade. Dados sobre o fluxo de ar são enviados ao seqüenciador, que então seleciona entre três modos de ejeções:
- modo 1 - baixa altitude, baixa velocidade. Serve para ejeções a velocidade de menos de 463 km/h e altitudes menores do que 4.572 metros. O pára-quedas de desaceleração não é aberto no modo 1.
- modo 2 - baixa altitude, alta velocidade. Foi projetado para ejeções a velocidades de mais de 463 km/h e altitudes de menos de 4.572 metros.
- modo 3 - alta altitude, qualquer velocidade. Selecionado para qualquer ejeção a uma altitude maior do que 4.572 metros.
- 0 segundos - o piloto puxa a alavanca, o canopi é lançado ou destruído, a catapulta começa a elevar o assento pelos trilho.
- 0,15 segundos - o assento sai dos trilhos de ejeção a 15 metros por segundo e está livre da cabine. O foguete é ligado e o foguete vernier dispara para contrabalancear quaisquer mudanças de inclinação. O motor de guinada é disparado e induz uma leve guinada para garantir a separação entre o piloto e o assento (o tempo de uso de todos os motores é igual a 0,1 segundo).
- 0,50 segundos - o assento se elevou a cerca de 30,5 a 61 m da altitude inicial de ejeção.
- 0,52 segundos - o separador dispara, o cartucho também dispara para soltar o tripulante e seu equipamento do assento e o pára-quedas de desaceleração inicia o pára-quedas convencional.
- de 2,5 a 4 segundos - o pára-quedas principal é totalmente aberto.
Fonte: uol
Nenhum comentário:
Postar um comentário